Nota da Direção ao Jornal O Globo

O prédio que abriga hoje o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e o Instituto de História(IH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, situado à frente do Largo de São Francisco no Centro, é um patrimônio histórico do povo da cidade do Rio de Janeiro, assim reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Ele abriga vários dos principais núcleos de pesquisa em Ciências Humanas do país e guarda a história do ensino superior no Brasil desde a fundação da Escola Real Militar, no início do séc. XIX, até a transformação da Universidade do Brasil em Universidade Federal do Rio de Janeiro, na década de 60 do séc. XX (Lei n.º 4.759).


Desde as reformas administrativas determinadas pelo governo de Jair Bolsonaro, a Direção do Instituto perdeu a autonomia de execução financeira, e desde o ano de 2016 os orçamentos para a Universidade Federal do Rio de Janeiro em custeio foram estrangulados e os seus investimentos amputados. O prédio histórico do IFCS / IH não recebeu reformas estruturais desde o final da década de 90 do séc. XX, quando foi inaugurada a Biblioteca Marina Vasconcelos, uma das mais
importantes do país na área de humanidades. No período subsequente, os cursos se modernizaram, sobretudo com o advento da informatização, com seus equipamentos eletrônicos
e a necessidade de climatização dos ambientes que abrigam computadores, como os laboratórios de informática da graduação, os servidores de rede e as secretarias dos cursos e da administração.


Desde então, uma reforma elétrica geral tornou-se necessária. Essa reforma deveria contemplar, também, a climatização das salas de aula, demanda a cada ano mais urgente devido às temperaturas excepcionalmente elevadas que o Rio e o país sofrem como consequência das mudanças climáticas. Apesar de ser uma necessidade urgente e evidente há mais de uma década, a reforma elétrica somente foi requisitada pela Direção do IFCS em setembro de 2021 e, concluídas as etapas do projeto técnico, depende ainda de dois fatores: primeiro, autorizações do IPHAN, por ser um prédio tombado, segundo: que sejam empenhados na reforma elétrica do prédio os recursos da UFRJ definidos para 2024.
Esta reforma é urgente para sanar riscos, como os que causaram outras perdas de edifícios históricos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, cujo Museu Nacional é o mais triste exemplo.


A UFRJ ainda não foi recuperada pelo Governo Federal aos níveis orçamentários anteriores a 2016 para arcar sozinha com os custos das reformas, mas é evidente que esses custos são muito mais
modestos do que poderia significar a eventual reconstrução do prédio em caso de uma perda total. Por isso, a Direção do Instituto junta-se ao apelo dos estudantes, dos docentes e de todo o
quadro técnico, para que os Governos Federal, Estadual e Municipal contribuam para tornar possíveis as reformas, tanto do ponto de vista orçamentário quanto da presteza das autorizações
técnicas; apela também para que a UFRJ junte a excelência de seus saberes tecnológicos para tornar o prédio uma unidade inteligente, sustentável, acessível e segura; e, finalmente, para que a
sociedade civil contribua com ideias, ações e doações para manter pulsando o coração que bate com a força pensante de 4000 estudantes e pesquisadores no Largo de São Francisco em frente à Rua do Ouvidor.


Fernando Santoro
Beatriz Bissio
Direção do IFCS-UFRJ

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